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sexta-feira, 1 de abril de 2011

Caso Bolsonaro

Por: João Luiz Lincoln

Temos de jogar pedras, mas é bom refletir um pouco.

As declarações do Deputado Federal Jair Bolsonaro ganharam destaque na imprensa e aparecem como motivo de diversos protestos e petições de ações na Justiça e cassação do mandato no Legislativo. Não existem dúvidas da natureza preconceituosa dessas declarações, e diante disso ele deve ser responsabilizado. Mas será que somente ele pensa assim? Será que o povo brasileiro pode ser generalizado como livre desse preconceito? Existem outras maneiras de identificar esse preconceito sem declarações desastradas como as do Deputado?

Lembro-me da minha infância e juventude, quando o Pelé aparecia em público com suas louras namoradas, e sempre havia alguém para generalizar e dizer que “negro é racista com o próprio negro, quando ganha dinheiro não quer saber de negro”. O interessante é que esse tipo de declaração ainda é muito comum. Mas, se eu não me engano, a citação sugere que: negro – para não ser racista – deve se casar apenas com negro e, consequentemente, os brancos vão se casar apenas com brancos – pois os negros não estarão disponíveis. Pois bem, foi exatamente isso que o Deputado falou, só que diretamente! São essas sutilezas que marcam o racismo no Brasil. Essa inversão da ordem de valor, para os mais distraídos, esconde um forte racismo. Algumas pessoas que conheço, e que leram meu currículo antes de me conhecer, confessaram que não esperavam que eu fosse negro – alguns confessaram! Agora vamos fazer contas; declarados negros ou afro descendentes, no Brasil, somam algo próximo de 30% da população; entretanto, os chamados índices sociais marginais como população carcerária, favelados, miseráveis etc, apontam uma participação negra superior a 70%. Será isso natural? Uma maldição de Deus? Nos Estados Unidos, onde a abolição dos escravos foi um pouco mais preocupada com moradia e educação dos ex-escravos, houve a necessidade de um dispositivo legal, em 1969, conhecido como Leis dos Direitos Civis, razoavelmente volumoso e abrangente, a fim de assegurar a presença do negro e outras “minorias sociais”, em todo o cenário social do país. Fizeram isso porque, reconhecendo a presença do racismo entre as pessoas, somente com o binômio “lei-punição”, haveria algo um pouco mais próximo de “justiça social”. É por conta disso que eu classifico o regime de cotas universitárias como algo mal feito, mas não acho injusto! Na verdade, o que falta é uma lei mais ampla, que contemple outros grupos sociais e outras atividades como cinema, teatro, publicidade etc. Acho que devemos aproveitar o momento para, como sociedade, reconhecermos nossas falhas: é o primeiro passo para corrigi-las!

Texto replicado na íntegra com permissão do autor.

A AVAAZ.ORG (Comunidade de mobilização online que leva a voz da sociedade civil para a política global) está captando assinaturas virtuais em um protesto contra o Deputado Jair Bolsonaro. Segundo o site: "As idéias racistas e homofóbicas do Deputado Jair Bolsonaro não são uma questão de opinião pessoal, elas são perigosas. "

Para participar para participar da AVAAZ e assinar a petição, clique aqui.

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