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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Google, Brasil e crise

Por Claudio Lopes

A Google, maior empresa de buscas na internet, até agora, parece não ter sido atingida pela crise financeira internacional. Seus lucros continuam em rota de subida e sua saúde financeira parece estar muito bem. Mesmo assim, num ato de perspicácia da sua administração, demitiu 100 funcionários recrutadores de pessoal, fechou três escritórios de engenharia e está desativando alguns dos projetos menos rentáveis do grupo. Isso mostra o comprometimento de administradores engajados com o futuro e preocupados em manter-se na vanguarda de sua área de atuação.
O mesmo parece não acontecer no governo Brasileiro [mais]. A atual administração recebeu um inestimável alicerce político e econômico do governo antecessor. Apesar de anteriormente se dizer oposição, abraçou os métodos e mecanismos da administração passada, modificou umas coisinhas aqui e ali, uma “repaginada” em alguns programas já implantados e vimos uma espécie de “mais do mesmo” com cores e caras novas.

Até agora, o governo brasileiro surfou nas boas ondas geradas pelo passado e pela manutenção dos métodos anteriores. Os tempos eram outros. A saúde financeira internacional parecia ser excepcional e o crescimento externo fazia topos sobre topos nos gráficos de todos os analistas de mercado. O caso é que o castelo de cartas se desfez. Com mercados interligados, vários países sentiram o peso da crise. Apenas o governo brasileiro diz que não será atingido. Mas o que vemos parece não estar sendo um bom presságio: mesmo com facilidades oferecidas para manter o crédito e a liquidez entre bancos e mercado, os números do desemprego mostram que não estamos num céu de brigadeiro como pensávamos. As maiores empresas nacionais mostram suas estratégias de reação à crise. Os novos desempregados tentam entender o que está acontecendo, os políticos de primeira linha do planalto dão um tom quase indignado ao falarem das demissões promovidas por fábricas que receberam ajuda do governo. Até aí tudo bem.
Mas, uma coisa parece estar muito errada. Ao mesmo tempo em que o quadro financeiro interno se mostra cada vez mais tenso e perigoso, o governo nem sequer fala, ou quer ouvir falar, em corte de gastos da máquina pública. Ao contrário, o que vemos e temos notícias pelos mais variados meios de comunicação, é o avanço vertiginoso dos gastos públicos numa demonstração de total desrespeito ao dinheiro do contribuinte. Brasília é uma ilha da fantasia, isso todos que a conhecem já sabem. E também sabemos que, em nenhum lugar do mundo, uma administração que se julga realmente séria pode fechar os olhos para seus gastos administrativos ou pelos vazamentos de dinheiro que corroem e colocam em cheque a sobrevivência do negócio em tempos futuros. Isso em tempo de bonança! O que se dirá agora, em tempos de crise e grandes instituições mundiais, outrora potências, se tornando esqueletos sem valor da noite para o dia.
Mais uma vez vemos o povo brasileiro fazendo cara de paisagem fingindo que não é com ele.
Mas uma coisa o governo parece estar fazendo muito bem. Se resume mais uma vez a uma única palavra: repaginada! Basta ver o novo shape da ministra da casa civil Dilma Rousseff. Mais uma vez, a máquina dos marketeiros gira criando a mais nova estampa a ser vendida. Com plásticas estratégicas assistimos o nascimento da próxima salvadora da pátria. Tudo para fazer o povo aceitar o que pode ser a próxima dama de ferro tupiniquim. É claro que tem tudo para dar certo. Aos poucos o povo esquece e pensa que ela sempre foi assim. Linda e suave... que o diga os velhos arquivos do Dops.
O PT, apesar de todas as turbulências e falcatruas noticiadas pela mídia, parece firme e forte. A receita é muito simples: basta não olhar para as sujeiras, fingir que correm atrás dos culpados, e o tempo, em conjunto com a legislação estrategicamente formada para esses casos, se encarrega livrar os culpados e de enviar para baixo do tapete coisas que não devem ser vistas por ninguém. E assim está acontecendo. Aos poucos e sempre. Mais uma vez o povo recebe seu pão e circo e banca a bonança de poucos.
Mas essa é uma aposta arriscada. Não fazer os ajustes de gastos do governo pode significar a morte logo após a curva. Como em política tudo é questão de ponto de vista, com certeza, os que pretendem a continuação de sua administração, já tem um plano formado. Se a situação ficar ruim, colocamos a culpa em alguém. Pode ser no mercado externo, na oposição que tenta puxar o tapete para subir ao trono, ou qualquer outra coisa que se transforme em lucros no decorrer da crise. Uma coisa é certa: eles estarão sempre bem, com bons salários, benefícios, falcatruas e uma legislação estrategicamente formada para livrar os bandidos caso sejam apanhados descaradamente roubando o dinheiro do povo ou usando-o em proveito próprio para subir mais alguns degraus na escalada rumo ao poder.
As apostas já foram lançadas e o povo dorme silenciosamente.
Uma pena que não temos no nosso governo, administradores engajados com o futuro do nosso país, preocupados em nos fazer chegar ao topo e nos manter na vanguarda do mundo globalizado.
Que pena que meu país não se chama Google.

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