Em todo o mundo vem crescendo o número de pessoas que se organizam clamando por políticas mais saudáveis para o meio ambiente. São ativistas em várias áreas que se mobilizam para pedir a diminuição da poluição, o fim da comercialização de madeira ilegal, o fim do uso de peles na indústria de vestuário, o uso consciente dos recursos hídricos e por aí vai.
Nesta corrente, encontram-se também os que clamam pelo fim do consumo de carne visando o fim do sofrimento dos animais e também um estilo de vida mais saudável. É claro que a idéia sobre isso não acaba nesta questão. Realmente, os cálculos levantados dando conta dos recursos naturais para a produção de um hamburguer são impressionantes. Nosso planeta não pode suportar a produção de alimentos baseados em métodos tão arcaicos como os vistos a milênios. Torna-se necessária a obtenção de novas técnicas menos destrutivas e mais eficientes. Foi-se o tempo em que a terra podia ser usada de forma indiscriminada para suprir a demanda mundial por toda a espécia de mercadorias consumíveis.
Nessa linha são criadas tecnologias que visam o aprimoramento de técnicas que, às vezes, podem causar espanto e soar como ficção científica. Mas pode ser que esse seja o caminho.
Desde 2004, um grupo se reuniu com uma idéia tão inovadora e ao mesmo tempo, tão assustadora nos faz, em um primeiro momento, ficar de cabelos em pé. Carnes produzidas em laboratório. O grupo se chama New Harvest.
Estão em andamento pesquisas que mostram que é possível a produção de carnes feitas a partir de uma única célula do animal. O conceito é o seguinte: retira-se a celula do animal em questão (que pode ser um porco ou qualquer outro) faz-se a purificação do material em laboratório para que esse exemplar fique livre de doenças e outras substâncias que possam causar mal ao corpo humano. A partir daí, essa única célula é reproduzida “in vitro” inúmeras vezes usando-se uma espécie de esponja própria, onde a cultura celular se desenvolverá em substancias nutrientes. A princípio, como a textura da nova carne não seria idêntica à natural, a nova carne seria usada na fabricação de produtos como nuggets, salsichas ou amburgueres.
No site do grupo, é dito que a produção da carne em condições controladas pode ser mais segura, mais nutritiva e com menor índice de poluição, além de ser mais humanitária que na produção convencional.
No site do The New York Times você também encontra uma matéria falando sobre o assunto. Clique aqui para ler a matéria (em inglês).
Pode-se, virtualmente, alimentar toda a população da terra, por inúmeras vezes, sem que nenhum animal seja sacrificado e sem os incômodos das doenças ou necessidade de aplicação de hormônios ou remédios nocivos ao nosso organismo. O resultado seria um “produto” 100% garantido como seguro e saudável ao corpo humano. Não vou entrar no contexto dos males da carne na digestão humana e outras questões éticas, religiosas e políticas, mas apenas fornecer a idéia básica por trás dessa iniciativa. É claro que existem outras questões envolvidas no consumo desse tipo de proteína. Mas, num primeiro momento, nota-se que o controle sobre o processo e as observações sobre a produção desse tipo de alimento pode ser considerado a forma mais coerente e talvez menos nociva ao meio ambiente. No papel, tudo fica muito prático, simples e coerente.
Mas você já se imaginou comendo uma carne que foi produzida “in vitro”? Estranho, não? Eu confesso que fiquei um tanto apreensivo quando ouvi falar dessa idéia. E ainda estou. Mas, talvez nem tenhamos escolha. Nosso planeta não comporta por muito mais tempo áreas imensas para a criação animal com a finalidade do abate. Nosso organismo está sendo bombardeado por doenças, hormônios, remédios e outros produtos que adveem da proteína animal. Há a questão do sofrimento animal, entre outras. O que me parece importante nesse momento é conhecer todos os detalhes dessa idéia polêmica para sabermos os reais benefícios e perigos envolvidos.
Com o tempo, saberemos se essa idéia vinga e se, num futuro não tão distante, estaremos consumindo carne fabricada em laboratório.
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